UM NATAL ESPECIAL
Há muito tempo, num dia de natal, quando as estrelas pareciam enfeites no firmamento, aconteceram fatos que marcaram época na minha pequena cidade. Tudo começou quando a bondosa senhora Iris, protetora dos desamparados, promoveu uma festa de natal que ficou para sempre nas memórias de Dedé da Rabeca. No inicio da manhã do dia de natal, a Senhora Iris pediu que Dedé convidasse todos os pobres, moradores de ruas, mendigos e desvalidos para uma comemoração natalina a ser feita na Praça da Matriz. A missão foi cumprida e muita gente foi avisada do festejo. No inicio da noite começaram a chegar ao local combinado os convidados para o evento. Aquela praça era um local espaçoso com coreto, bancos, monumentos e muitas árvores. Num lugar sob árvores frondosas foi montada a festa. Havia uma grande mesa com muita comida. Os pratos ali servidos eram leitão, peru, frango e muita rabanada, tudo coberto por uma toalha branca bordada com linhas douradas e prateadas formando um desenho de asas. O pessoal foi chegando, entre eles estava o Boy, um senhor de idade, que mancava e se apoiava numa bengala, o chamado tio gasolina, que diziam que gostava de beber daquele combustível, Zé Zoada conhecido pela sua voz estridente, Dona Maria primeira, imperatriz do Brasil, e muitas outras figuras. Primeiramente começou a ser servido suco de caju, sendo apreciado por todos os participantes. Na Missa de Natal conduzida pelo Padre Italiano Sabino, foi ressaltado que o Natal é um momento de redenção e de reconhecimento da humanidade ao nosso salvador, e, também uma homenagem a toda a sua bela obra. Por fim disse que significava a esperança numa vida melhor agora e para sempre. Mais tarde se iniciou a ceia e aí começou a comilança. Todos apreciaram a boa mesa. A Senhora Iris pessoalmente se encarregava de preparar os pratos e servir os convidados. Após a refeição era a hora dos presentes. A Senhora Iris anunciou que Papai Noel viria em pessoa entregar as lembranças de natal. Todos bateram palmas para aquela notícia. E assim aconteceu, Papai Noel veio no seu trenó puxado por renas pela rua. Todos bateram palmas e ficaram muito felizes. A meninada ficou contente ao ver o bom velhinho chegando de forma tão espetacular. Papai Noel desceu do trenó e dali puxou um saco vermelho e o colocou sob o chão da praça. Antes de começar a distribuição dos presentes, Papai Noel disse que estes seriam para que que todos pudessem se transformar em pessoas melhores, e, assim fazer o Natal o ano inteiro com felicidade, paz, fraternidade e abundância. O incrível foi que para cada convidado foi dado um presente diferente, todos eles direcionados a mudança de vida das pessoas. Os presentes eram muito úteis como caixas de ferramentas, alimentos, livros, cadernos, canetas e outros. Para as crianças foram distribuídos muitos brinquedos. Todos ficaram admirados como num saco pequeno cabia tanta coisa. Após a distribuição, Papai Noel disse que iria passear pelo mundo num Natal de muitas e muitas horas. Ao som de palmas Papai Noel entrou no trenó e dessa vez saiu voando pelo caminho entre a Igreja e um casarão, segundo contou Dedé da Rabeca. Como era dia de Natal havia pouca gente na Praça, as pessoas ficavam nas suas casas junto com a família e amigos. Depois disso tudo, iniciou-se uma caminhada pela cidade com todos os convidados em procissão cantando o clássico noite feliz ao som da rabeca. O cortejo começou na Cidade Alta e desceu para a Ribeira. A medida que todos passavam, ia se juntando ao grupo novas pessoas, e, na chegada da Igreja da Ribeira havia se formado uma enorme multidão. O pessoal foi recepcionado pelo Padre Valdo que desejou a todos um feliz Natal e um ano novo repleto de alegrias e realizações. Os mais velhos se lembram daquele momento especial, salientando que jamais aconteceu algo assim na Cidade. No encerramento a Senhora Iris comunicou a sua mudança de cidade, pois, sua missão havia se encerrado naquele dia. Dedé da Rabeca viu sair um par de asas das costas da Senhora Iris que alçou voo em direção ao horizonte. Logo depois, uma chuva de água prateada caiu sobre todos por alguns minutos. Aquele foi um momento mágico, repetiu Dedé por toda a sua vida, que não se cansou de contar aquele acontecimento por onde passasse.