DÉJÀ VU

Hoje em dia não passo mais pelo fenômeno déjà vu, mas há algum tempo atrás passei por várias dessas situações e em muitas delas ficava esperando o decorrer dos fatos que já havia vivido. O termo Déjà vu vem da língua francesa e significa já visto”. Soube que esta experiência é uma reação psicológica que faz com que o cérebro entenda que o individuo já esteve num certo lugar, que conhece alguém ou ainda que já vivenciou situações do presente. O déjà vu me acontecia como um “replay” de cena já vivida, embora, nunca acontecida na realidade. A explicação racional deste fenômeno está baseada no fato de que o cérebro possui vários tipos de memória, a imediata, que funciona momentaneamente e é esquecida, a memória de curto prazo que dura horas, e a memória de longo prazo, que dura meses ou até anos. O déjà vu é uma falha no cérebro onde o que está acontecendo é armazenado na memória de longo ou médio prazo, quando seria correto fixar na memória imediata, criando uma sensação de que o fato já ocorreu. A parapsicologia define que a mente é independente do cérebro, de forma que a consciência estaria livre em certos momentos, fazendo com que se perca a noção do tempo real e se desloque para um tempo alternativo, indo-se ao futuro e retornando ao passado com novas informações. Fala-se na teoria de que o tempo não seja linear e sim tenha o comportamento de um laço que, como tal, em certa hora deixa de avançar e retorna ao passado até a um ponto critico, onde para de retornar ao passado e começa a avançar para o futuro novamente. Esse ponto é o inicio e o fim do laço e quando se cruzam geraria o que se chama déjà vu. Nesta situação, reconhecem-se lugares e pessoas como velhos conhecidos, sendo, na verdade locais nunca visitados e ilustres desconhecidos. Este é realmente um fenômeno intrigante que nos coloca a questionar toda a dinâmica do funcionamento das leis universais que explicam toda a nossa vida. Um dia passeando pela praia onde moro, cheguei ao local denominado de recanto das pedras. Uma bela paisagem onde enormes pedras pretas adentram o mar formando um cenário espetacular. Daquele local comecei a admirar uma lancha com turistas passando muito próximo à costa. Fixei o olhar no barco e comecei a viver algo que já estava na minha mente. Comecei a perceber que aquela lancha começou a ficar à deriva e foi sendo levada em direção às pedras pretas. Aquilo tudo foi uma sensação surpreendente. A cada momento eu adiantava mentalmente o que iria acontecer. Sabia que a embarcação iria se chocar com as pedras e que as pessoas a bordo iriam mergulhar e se machucar bastante. Assim, sem ter o que fazer, observei os passageiros saltarem da lancha e se dirigirem à areia enfrentando as pedras e as ondas. Como já conhecia aquele episódio, corri para o local e passei a ajudar as pessoas, em sua maioria, indivíduos de meia idade. Tinha certeza de que não iria haver vítimas fatais e que logo viria socorro. Olhei para trás para ver um filme conhecido, uma ambulância estacionando na beira mar e de lá saindo socorristas para atender aos feridos. O mais curioso é que sabia que aquele acidente iria ter uma enorme repercussão na mídia nacional, inclusive com filmagem dos fatos ocorridos. Logo depois, vi entre os feridos um conhecido repórter da TV local que estava naquele passeio para documentar e mostrar as atrações turísticas daquela praia. E assim aconteceu. Na noite daquele dia em rede nacional foi mostrada a filmagem de todo o acidente com a lancha. Num dos episódios deste déjà vu, lembro um senhor pedindo insistentemente para beber alguma coisa logo que chegou à praia e ser atendido recebendo uísque de um morador daquelas redondezas. Houve outras situações de déjà vu em minha vida, mas, essa foi a mais interessante, e, até hoje tento fazer um elo com algum fato especial que aconteceu comigo naquele dia que tivesse provocado o fenômeno, porém, ainda não consegui relacionar com alguma coisa concreta. Um dia quem sabe eu possa desvendar esse mistério.