A PIRÂMIDE DE PACARI

Quem apareceu outro dia contando mais uma estória mirabolante foi o poeta Valentim. Dessa feita, o objeto central do novo episódio foi uma pirâmide por ele encontrada no sertão do Estado, sentada às margens de uma conhecida barragem. Ele me mostrou algumas fotos da sua descoberta e, a primeira vista, a imagem realmente apresentava um formato piramidal. O tamanho da estrutura, segundo o amigo poeta, era de quase cem metros de altura por aproximadamente cem metros de base. Ele conheceu a suposta pirâmide por ocasião de uma visita a cidade de Pacari, quando ficou hospedado numa Pousada situada em frente ao monte rochoso com aquele formato geométrico. O amigo destacou que logo que chegou sentiu uma forte energia naquele local, aumentando a sua disposição física, principalmente, para ler cada vez mais. No primeiro dia foram lidos três livros volumosos. Mas, o mais curioso da estória, foi a visão de um raio saindo do vértice da pirâmide em direção aos céus num ângulo de quase 90 graus na primeira noite do seu descobrimento. No dia seguinte da descoberta, ele me contou que testemunhou a abertura de um portal num dos lados da pirâmide, de onde saíram discos voadores sumindo num piscar de olhos no horizonte. Ainda estupefato com os objetos voadores, aconteceu um contato telepático informando a revelação em breve de um segredo milenar a respeito das pirâmides no nosso planeta. Eu não me contive e perguntei se a revelação prometida já havia acontecido. A resposta foi negativa, mas, que iria aguardar a comunicação no pé da pirâmide. Achei mais uma estória interessante do amigo poeta que já apresentou casos espetaculares. Algum tempo depois, soube da formação de um acampamento às margens da barragem de Pacari ao lado da rocha piramidal. As fotos da notícia mostravam várias barracas e o poeta Valentim liderando o movimento de curiosos que se chamava “arraial da espera”. O acampamento já contava com quase uma centena de pessoas. Pude observar numa matéria televisiva que até aquele momento não havia acontecido algo fora do normal, mas, todos os entrevistados viam aquela rocha gigantesca como uma verdadeira pirâmide, apesar de só ter uma frágil semelhança. Eu achei curioso o fato daquela descoberta não haver sido feita anteriormente, pois, a rocha sempre esteve ali com aquele formato. Depois de algum tempo, o movimento foi desfeito, pela absoluta falta de um motivo que justificasse a sua existência, apesar da insistência do poeta em continuar afirmando que esperava uma grande revelação. Naquela época, Valentim inspirado na pirâmide, lançou mais um livro intitulado “A Pirâmide de Pacari” com poesias inspiradas nesta temática ligando as terras rochosas à presença de seres avançados, além da promessa da grande revelação. Um dos poemas narrava: “Num recanto do sertão/ Um povo avançado/ Marcou sua posição/ Em nosso Estado/ Um símbolo mundial/ De sabedoria, tecnologia/ Uma marca especial/ Um toque de fantasia/ A registrar um feito/ Sobre o leito/ Do Rio Pacari”. O tempo passou e a pirâmide foi esquecida pelo poeta Valentim que passou a planejar uma viagem a pé para o Alasca, trecho no qual leria mais uma boa quantidade de obras literárias. Nos anos seguintes, um período de seca se estabeleceu sobre o Estado, deixando a barragem de Pacari quase que sem água. Naquela ocasião, a base da pirâmide ficou a mostra revelando algumas inscrições rupestres. Os desenhos apresentavam figuras com escafandros e discos voadores, além de muitas pirâmides. Essa notícia chegou aos ouvidos do poeta Valentim que logo quis conhecer o sítio com as citadas ilustrações. Naquela semana começou uma chuva que durou três dias, elevando o nível da barragem, escondendo, assim, a pintura rupestre da vista de todos. Ao chegar à base da sua pirâmide, o poeta Valentim viu o portal num dos seus lados se abrir e de lá sair vários discos voadores. Ao observar a cena inusitada, Valentim recebeu uma mensagem telepática comunicando a saída definitiva daqueles seres para outro planeta. Num piscar de olhos os discos voadores sumiram e o portal se fechou. Soube dessa noticia pelo próprio poeta que comunicou em versos a ida do povo da pirâmide para outro planeta. Numa visita à Pousada da barragem procurei saber sobre o movimento acontecido ao pé da serra nas suas proximidades. Escutei de um dos funcionários do estabelecimento que tudo não passou de um delírio de um tipo maluco que andou por ali. Com um sorriso encerrei a conversa e pensei alto, mais uma estória do amigo Valentim.