SEU PEPÊ E O DISCO VOADOR

Hoje, olhando para a paisagem litorânea voltei a lembrar da minha juventude, lá pro fim da infância, quando deslizava nas dunas de areia com uma tábua de morro, que era um pedaço de madeira de cerca de um metro ligeiramente abaulado. Assim, uma turma de garotos  saia das suas casas na praia de veraneio e partia em direção as dunas douradas nas proximidades da praia de Blujabu. Depois de caminhar por uns quarenta minutos a turma chegava a uma grande depressão na duna com uns duzentos metros de diâmetro e uns quarenta metros de profundidade. No centro havia uma pequena lagoa de água de chuva. Era uma festa e começávamos a surfar na areia. Era um esforço gigantesco ter que descer as dunas e depois subir de novo. No final da brincadeira era hora do banho na lagoa. Uma lembrança maravilhosa era aquela do momento em que me refrescava depois de suar muito. Aquela depressão tinha uma estória interessante, era chamada de buraco de Blujabu e dizem que foi formado após a queda e explosão de um avião na segunda guerra mundial. O avião estava carregado com armas e munição, e estava a caminho da África no momento do acidente. Os mais antigos contam que até pouco tempo atrás era possível encontrar  no solo do buraco resquícios da queda do avião, mas, hoje não se encontra mais nada, só existem dunas douradas e uma água azul escura na sua parte mais baixa. A garotada conversava muito sobre esse tema e imaginava encontrar alguma coisa que sobrou da queda do avião. Num desses passeios eu e alguns meninos resolvemos explorar a água. Só os que sabiam nadar participariam desta aventura. Com uma boia de isopor fomos até o centro da pequena lagoa e de lá começou os mergulhos. A água era muito escura e dava para ver pouca coisa. Um dos meninos achou um objeto parecido com uma chave. Foi a única coisa encontrada naquela aventura. Mais tarde a turma foi se encontrar no Bar Pé do Carcará para lanchar e bater um papo. Seu Pepê estava lá e logo quis saber o que era aquele objeto o qual a meninada tanto comentava. Eu contei que ele foi trazido do Buraco de Blujabu. Seu Pepê lembrou a queda do avião e dos estranhos fenômenos que até hoje acontecem naquele local. Eu como não sabia de nada perguntei o que acontecia ali. A resposta é que eram vistas luzes coloridas no céu vindas de um objeto cilíndrico que saia daquele buraco. Ele disse que já viu as luzes estranhas, elas piscavam e desapareciam em questão de segundos. O marujo Chimbau apareceu e completou a estória relatando um mergulho que fez na pequena lagoa e disse que viu um objeto do tamanho de um carro com a forma de um prato no seu interior. De repente ele foi levado para o seu interior e teve contato com pessoas do outro mundo. Segundo Chimbau, ele foi levado para um passeio pelo espaço. Ele foi a um planeta distante chamado Tigor. Seu Pepê entrou de vez na conversa e contou que salvou Chimbau do povo do outro mundo. A meninada já estava de boca aberta com aquela aventura espetacular. Seu Pepê começou a epopeia narrando que um dia estava no seu barco pescando no mar próximo a praia quando viu o disco voador passar e mergulhar no mar. Ele lançou a âncora quando o objeto voador se aproximou e o prendeu. Para a sua surpresa o peso era muito pequeno e ele o arrastou. De uma janela Chimbau viu Seu Pepê no barco e deu um sinal com a mão. Naquele momento Seu Pepê mergulhou no mar  e com uma machadinha quebrou o vidro, e de lá Chimbau foi solto e logo estava em cima do barco. Seu Pepê entrou no disco voador e apanhou a chave daquele veículo. Um extra-terrestre saiu nadando e foi apanhado por outra nave que apareceu do nada. Seu Pepê explicou que jogou a chave na lagoa do buraco de Blujabu como forma de eliminá-la. A Chave que os meninos encontraram foi aquela jogada fora por Seu Pepê. A meninada naquele momento estava de boca aberta com tamanha mentira. Mas Chimbau confessou que tudo foi verdade e, naquela hora, agradeceu a Seu Pepê por estar vivo. Os dois se abraçaram numa cena emocionante.  O interessante é que realmente verdade a aparição de luzes em cima do buraco de Blujabu. A lorota de Seu Pepê é mais uma para a sua extensa coleção largamente conhecida na praia da Pontinha.