FESTA NO CEU

A Cidade de Vale do Azu foi palco do primeiro Festival Internacional de Glosas Fesceninas. Um evento que atraiu poetas do país inteiro e da Península Ibérica. O evento aconteceu numa fazenda às margens do Rio Piraras. O palco foi montado numa estrutura circular assentada numa praça construída à beira do Rio coberta por telhas coloniais. No palco foi instalado um microfone onde os poetas declamaram suas criações. Em frente ao palco havia uma mesa grande cabendo umas cinco cadeiras onde se acomodaram os jurados do evento. As regras do evento definiram que os participantes apresentassem suas glosas em temas livres. Dentre todos os participantes, dez foram selecionados para a etapa posterior onde foi apresentado um mote para que os concorrentes criassem prontamente novas glosas e a apresentassem para os jurados. Seguindo as regras do Festival, a peleja foi continuando até ficarem dois glosistas no final do torneio.  Antes de dar continuidade ao concurso literário, houve um intervalo onde foi anunciado o prêmio a ser concedido ao vencedor daquele certame literário. O anunciador se chamava Gabriel e era um dos organizadores daquele evento. O prêmio a ser concedido ao vencedor seria uma festa no céu, com direito a traslado e entrada. Todos ficaram muito surpresos com o inusitado anúncio, mas, como já haviam saído da peleja, tudo era festa. Na continuação da competição, foi anunciado que o grande vencedor seria aquele que de improviso criasse a melhor glosa a partir do mote: Depois dessa peleja, irei a uma festa no céu. Atentamente os finalistas Lamare e Oiram escutaram as novas regras e se preparam para declamar suas glosas criadas naquele momento. Oiram declamou sua glosa centrando sua criação na grande mentira do mote. Já Lamare salientou a viagem ao céu como um prêmio fantástico a quem merece ir lá.  Os jurados imbuídos no clima onírico do certame se encantaram com os versos de Lamare e lhe proclamaram como vencedor do Festival Internacional de Glosas Fesceninas. O Prefeito do Vale do Azu parabenizou os organizadores do evento e convidou a todos para uma grande festa no Clube da Cidade chamado CEU - Clube Esportivo União. Houve uma risadagem geral. Todos entenderam o significado do prêmio. Assim, todos saíram do espaço da competição e foram ao Clube CEU. Lá chegando havia uma banda de música tocando música nacional e internacional, também ritmos regionais com clássicos da musica sertaneja, xote, baião, forró e outras. A bebida foi colocada em tonéis e todos os participantes beberam a vontade. Um farto churrasco de carnes bovina, caprina e ovina foi servido e todos se deliciaram com aquelas iguarias. A festa entrou noite adentro e se estendeu até a madrugada. No meio da festa Lamare desapareceu, mas, passou despercebido e a festa continuou até acabar com os primeiros raios de sol. No dia seguinte todos procuraram por Lamare que havia sumido da cidade. Ninguém deu qualquer notícia. No inicio da tarde os poetas participantes do evento foram ao mercado local para comer e iniciar uma nova farra. Todos perguntaram por Lamare, porém não havia notícias dele. O curioso é que o Poeta Gabriel vindo de terras estrangeiras para o evento também havia desaparecido. No dia seguinte Lamare se encontrou com o amigo Lula no Mercado da Praia da Pontinha e lhe contou sobre o Festival de Glosas Fesceninas acontecido no Vale do Azu, sobre sua vitória na competição e a festa no Céu. Lula lhe deu os parabéns pela merecida conquista e perguntou como ele havia chegado ali tão rápido. Como se buscasse pela memória Lamare recordou que chegou ali de carona numa carroceria de uma carga de bananas. Realmente nosso glosista estava com um péssimo aspecto, roupas sujas e amassadas e com uma cara de quem não dormiu direito. Lembrou também que foi colocado na carroceria do caminhão por um ser alado que o trouxe de uma festa no Céu. Era realmente uma grande confusão. Lula achou que fosse mais uma brincadeira do amigo brincalhão. Lamare e Lula foram beber e comer alguma coisa e Lamare aos poucos descreveu a festa no Céu com amigos e parentes já falecidos, além de entidades celestiais como anjos e querubins. Que grande bebedeira brincou Lula. Com o passar dos anos essa estória passou a ser conhecida entre os amigos e Lamare contava a estória repetida vezes sempre acrescentando uma novidade. A festa no céu e não Clube CEU passou a ser inserida nas narrativas como efeitos do álcool. Houve até a criação de novas glosas que tinham como mote a festa no Céu de Lamare. Aquele acontecimento irracional entrou para os compêndios da temática. Hoje fico pensando e imaginando a respeito dessa festa no Céu, será que ela aconteceu?